quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Assim termina a humanidade - parte 2


Cheguei à Fundação Oswaldo Cruz e procurei pelo Dr. Aníbal do Nascimento, responsável pelo desenvolvimento da pesquisa para achar a cura da Doença de Chagas utilizando substâncias produzidas pelo ouriço-cacheiro. Mal sabe ele que descobrirá a cura para outra doença, mas já será tarde demais. Consigo chegar até ele e começo a contar minha história. Tenho que começar devagar para não prejudicar a missão. Começo dizendo que sou um cientista de São Paulo que admira muito o trabalho dele e pergunto se ele está familiarizado com o conceito de viagem no tempo. Ele começa a rir. Então eu comento sobre o acelerador de partículas da Europa , que o seu desenvolvimento permitirá construir uma máquina do tempo e entro em detalhes do projeto, o teletransporte e a quarta dimensão. Ele não para de rir. Entrego a ele um jornal velho que trago no bolso. Ele para de rir e pergunta se estou querendo fazer alguma brincadeira de mau gosto. O jornal é de 12/09/2001 e mostra as torres gêmeas de Nova York sendo atingidas por aviões. Após olhar atentamente o jornal ele diz que precisa pensar e pede que eu me retire. Vou embora, mas antes digo que voltarei no dia 12, para continuar a nossa conversa.

Já está anoitecendo. Dirijo-me ao centro do Rio, alugo um quarto de hotel e pela primeira vez fico feliz pelo plano real ter dado certo, porque as minhas novas notas de real são as mesmas de 2001, espero que não dê tempo de repararem na data de emissão, até que minha missão seja concluída. O melhor que eu faria era ficar trancado no quarto do hotel, saindo apenas para me alimentar, evitando assim qualquer alteração no fluxo temporal. A prudência fica me dizendo o tempo todo para não sair, mas a vontade de ver pessoas e respirar o ar puro é mais forte que a cautela. Vou até a orla marítima passear pelo calçadão de Copacabana. Vejo pessoas de todas as idades passeando e se divertindo, mas quando vejo as crianças meus olhos enchem-se de lágrimas. Todas estarão mortas em quarenta anos. Volto para o hotel e não consigo dormir. Fico mais dois dias vendo televisão e a única coisa que enxergo em tudo é a perda de tempo. Tempo que eu não tenho. Tempo que ninguém terá.

12/09. Volto para a Fundação Oswaldo Cruz e o Dr. Aníbal, diz que temos que sair o mais rápido possível dali, sem dar maiores explicações. Tarde demais. Quando saímos do laboratório, vários agentes da polícia federal estão nos aguardando. Somos colocados em um carro, encapuzados e levados para um lugar desconhecido. Quando tiram os capuzes de nossas cabeças estamos numa cela suja, sem ninguém por perto. Os agentes saem, olho para o cientista e peço para que ele me ouça com muita atenção. Não temos tempo. Continua...

Leia a primeira parte.

2 comentários:

Unknown disse...

Você escreve muito bem, só falta oportunidade e patrocinio.Sabe como deixar as pessoas curiosas.Estou anciosa para saber oque acontecerá na 3ªparte desta história. Portanto é uma brastemp... espero que muita gente acessem este blog para conhecerem suas histórias maravilhosas..... Até a 3ª parte tchauuuuuu
Rosemaire

Amalio Damas disse...

Obrigado pelo comentário, mas você é suspeita pois faz parte da família, mesmo assim valeu e a 3ª parte logo, logo estará concluída.