quinta-feira, 7 de maio de 2009

Era uma vez...

...um país governado por um rei que não chegava a ser um tirano, mas que também não era um bom governante. As pessoas passavam por dificuldades, as cidades estavam mal conservadas, os camponeses não conseguiam ganhar dinheiro com as suas colheitas e os impostos eram cada vez mais altos.

Havia um príncipe que queria assumir o trono, prometendo aos quatro ventos que se ele fosse rei tudo mudaria, a população seria mais feliz e bem sucedida. Embora tenha caído no gosto da população, não conseguiu o apoio popular que necessitava para sua empreitada. Partiu então para uma disputa nos bastidores do reino conseguindo dois aliados de peso, o primeiro-ministro e o bobo da corte. O primeiro-ministro era um homem honrado e competente, mas insatisfeito com os rumos daquele governo que não ajudava o povo e faria de tudo que estivesse ao seu alcance para que o rei não conseguisse apoio de seus pares para permanecer no poder. O bobo da corte, apesar de manter-se por muitos anos fiel e íntegro ao seu rei também estava insatisfeito, e por sua vez era um informante valioso que sabia de tudo que se passava em todas as instâncias do reino. De bobo mesmo só possuía a alcunha.

Depois de três anos de disputas o rei não conseguiu se manter e abdicou do trono, dando lugar ao príncipe, que foi alçado ao trono com todas as glórias inerentes ao cargo.

Seu governo foi aos poucos se consolidando e trazendo muita fartura e estabilidade ao reino, o povo estava satisfeito e feliz e seus pares no governo sentiam-se seguros. Porém, estranhamente, ele começou a desqualificar sutilmente os trabalhos do primeiro-ministro, começou a deixá-lo de lado nos momentos importantes e apreciá-lo apenas nas frugalidades. Sentindo-se desprestigiado, o ministro retirou-se da vida pública e buscou outro lugar para exercer suas funções com dignidade. Era um homem honrado na acepção da palavra.

A mesma coisa aconteceu com o bobo da corte, seus serviços de animação eram ignorados e ele era solicitado somente quando possuía alguma informação de valia para o soberano. De informante valoroso passou a ser um mero fofoqueiro. Privado da atividade que mais gostava, o bobo da corte não teve a mesma atitude que o primeiro-ministro, ele continuou na corte, porém minando a força do rei aos poucos através dos seus contatos.

Demorou algum tempo, mas o novo rei foi perdendo aliados de todos os lados do reino e teve que ceder lugar ao seu irmão mais novo. Felizmente o novo rei também era competente e, além disso, tinha um coração mais generoso, seu reinado foi muito bom e durou muitos anos. A diferença é que ele manteve todos os seus asseclas leais junto dele, chamou o antigo primeiro-ministro de volta e nomeou o bobo da corte, ministro da cultura.

Moral da história: a lealdade deve ser tratada com o respeito que merece, ou ela pode se voltar contra você.

Texto publicado originalmente no blog Divã do Masini em 04/06/2008.

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